A Adoção – Uma Reflexão Sobre as Consequências do Amor

Oi gente, como vocês estão? Esses dias têm passado tão rápido mesmo assim estou conseguindo adiantar várias leituras. No final de semana reli A adoção, de Zidron & Monin, Graphic Novel recebida em parceria com a Editora Nemo. Mais um trabalho gráfico incrível!

O amor justifica os meios de conseguir algo? Até onde você iria por alguém que ama? Esse é o ponto de partida de A adoção, uma história que tem tudo para ter um final feliz, no entanto, traz reflexões bem atuais.

Um pouquinho sobre A adoção

Alain e Lynette é um casal francês que a muito tempo vem tentando ter filhos. E agora, perto de fazer 50 anos, Alain sente que este sonho está ficando cada vez mais distante. Ele ama sua esposa e vê-la triste por não ser mãe lhe corta o coração. Os dois decidem ir ao Peru após um grande terremoto e adotam a pequena Qinaya, uma criança simpática de 4 anos.

No entanto, o Sr. Gabriel, pai de Alain é contra a adoção. Para ele só é válido neto do mesmo sangue. Ele não entende porque o filho precisou ir para tão longe para adotar uma criança.

Logo que a pequena Qinaya é apresentada à família todos ficam felizes. Primeiro pela casa agora ter uma criança, segundo porque ela é miudinha e seu tamanho chama a atenção. Sr. Gabriel, por outro lado, se mantém distante.

“O amor não se rouba. O amor não se compra. O amor se conquista.”

Quando a pequena é matriculada no colégio logo faz amizade com os coleguinhas e começa a aprender francês. Ela é esperta e tem um dom para as artes.

No primeiro feriado após a adoção Alain e Lynette precisam trabalhar e não têm com quem deixar Qinaya, então pedem aos pais de Alain para cuidarem dela. O Sr. Gabriel, porém, é resistente e diz não ter a mínima ideia de como cuidar de criança mas acaba aceitando. Uma decisão mudará sua vida para sempre.

Qinaya e Sr. Gabriel e o começo de uma amizade

O Sr. Gabriel não leva jeito com crianças, isso é fato. Enquanto seus filhos cresciam ele trabalhava. O primeiro tombo, ensinar andar de bicicleta, ajudar com as tarefas do colégio, ouvir segredos, tudo foi acompanhado de perto por sua esposa. Mas agora ele tem a chance de experimentar um pouquinho dessa sensação.

No primeiro passeio ele leva Qinaya ao parquinho e ela se diverte muito. É lá também que conhece os Gegês, dois amigos antigos do Sr. Gabriel.

No feriado seguinte novamente Qinaya é deixada na casa dos avós. A vovó está animada e logo tem um monte de ideias incluindo brincar no jardim, montar uma piscina, e ter muito papel e canetinhas para desenhar. Sabe quando dizem que os avós mimam? Pois é, essa vozinha fica muito empolgada.

“Qinaya… Um ovinho de Páscoa estranho, chocado lá no país dos condores, trazido por dois bobões de bom coração ao país cujo símbolo é uma ave.”

Logo Qinaya está passando a semana inteira na casa dos avós. São tantas brincadeiras, diversão, que eles nem percebem quando chega o dia da pequena voltar para casa. O Sr. Gabriel que antes era turrão foi conquistado pela criança com pele cor de caramelo.

Conforme a história avança sentimos o amor crescer. O laço entre vovô Gabriel e Qinaya vai ficando cada vez mais forte. Isso é percebido quando Gabriel compra uma bicicleta e a ensina andar. Uma das cenas mais bonitas na minha opinião.

Editora Nemo

Uma notícia e tudo vira de cabeça para baixo

Alguns meses depois toda a família e amigos estão reunidos para comemorar o aniversário do Sr. Gabriel na casa de Alain. Em meio a sorrisos, presentes e muita alegria a campainha toca. É o FBI. Eles têm uma ordem de prisão para Alain. Motivo: subtração de menor.

A notícia chega como uma bomba e pega a todos de surpresa. Ninguém entende o que está acontecendo. A pequena Qinaya é levada pela assistente social e precisa voltar ao Peru, para ser entregue à sua família verdadeira. Alain é condenado a 3 anos de prisão. A adoção, que era para trazer esperança e felicidade àquela família, destruiu não apenas uma, mas três famílias. E ninguém sabe como juntar os cacos.

Os fins justificam os meios?

Apesar de não ter ficado explícito o que Alain fez, a questão é foram usados métodos excusos para conseguir algo. Isso é fato! No entanto, há toda uma carga emocional envolvida. Uma mulher que não pode ter filhos, um casal que gostaria de formar uma família, o processo burocrático de adoção, são pontos que nos faz questionar o certo e o errado.

É evidente que cada leitor com sua visão particular de mundo pensará de um jeito diferente. Se não conseguimos o que queremos indo por um caminho é válido burlar as regras? Fica o questionamento.

O que achei da edição

As ilustrações estão lindíssimas. Mais uma vez a Nemo acertou na escolha ao trazer essa Graphic Novel ao Brasil. A cada quadro nos envolvemos com os personagens e compartilhamos dos mesmos sentimentos. Parte disso deve-se a como a história é contada a cada ilustração.

O autor criou uma criança tão fofinha que é impossível não querer conhecê-la de verdade. As cenas dela brincando na piscina, ajudando no jardim, se divertindo no parquinho, são as mais bonitas pra mim.

Quando ao tamanho é maior do que a edição de Suzette, eu gosto mais de livros pequenos é mais confortável para segurar e/ou levar na bolsa. As últimas HQs que recebi da Nemo foram bem diferentes por exemplo Dias de areia e Um oceano de amor num tamanho, Ghost World um tantinho maior, já A adoção e O pequeno Astronatura (falarei em breve sobre) são maiores. Se quiserem posso fazer um post mostrando as principais diferenças.

Zidrou & Monin

Minha opinião sobre A adoção

Geralmente quando lemos um livro esperamos por um “felizes para sempre”. Isso é quase automático, ainda mais quando envolve família, sonhos ou histórias que nos identificamos. Mas, A adoção vem mostrar que mesmo sem um final feliz é possível aprender muitas lições.

Há quem teve um relacionamento saudável com os pais enquanto crescia, mas há também quem guarde muitas feridas. É o caso de Alain. Por seu pai viver trabalhando para oferecer melhores condições de vida quase não tinha tempo para os filhos e isso deixou um vazio muito grande.

Esse momento da história me fez pensar na minha própria família. Minha mãe sempre cuidou de nós (eu e mais duas irmãs), no entanto, cresci numa ambiente católico e conservador. Já adulta, quando minha irmã se casou e teve bebê, minha mãe se transformou. Tudo o que era “proibido” quando éramos crianças, tudo o que nos ensinou, ela fez completamente diferente com minha sobrinha. Foi muito mais do que simplesmente “mimar”.

Desde cedo aprendi a andar de bicicleta, ir ao mercado, à igreja, tudo sozinha. Sempre fui muito independente, talvez por isso não sinto tanta essa ausência da infância. Mas creio que para crianças mais apegadas aos pais como Alain seja mais difícil.

Pequenas reflexões

Para finalizar uma reflexão pessoal. Eu nunca tive o interesse, desejo ou mesmo vocação para ser mãe. Fui babá durante algum tempo e sempre soube o trabalho que dá criar, educar, e manter uma criança. Por esse motivo sempre achei errado os casais que têm filhos e jogam a responsabilidade para os outros.

Deixam na creche/escolinha, com os avós, com as babás, muitos veem as crianças somente na hora de dormir. Sempre me pergunto “por que tiveram filhos”? Não é o foco dessa história em particular, mas a quantidade de vezes que Alain deixa Qinaya com os avós me chamou atenção. Num momento a criança passa 2 semanas inteiras fora de casa. Uma na casa do Sr. Gabriel, e outra na casa dos pais de Lynette.

Se eles queriam tanto ser pais, ter uma criança em casa, vê-la crescer, formar uma família, por que tercerizar tudo isso? É como se eu quisesse muito andar de bicicleta, comprasse uma mas deixasse na casa do meu vizinho. Consegue entender?!?

Quero deixar meu muito obrigada à Editora Nemo por me proporcionar uma leitura tão envolvente. Foi incrível passear pela França, Peru, Machu Picchu, ver as Linhas de Nazca, e refletir sobre tantos temas diferentes.

Agora me conta, você gosta de ler Graphic Novels? Conhece alguma da Editora Nemo?

Até o próximo post, Érika ♡


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6 Comentários

  1. Nunca li nada nesse estilo, e concordo contigo filho não é um apetrecho que se usa quando quer, se tem, deve amá-lo, cuida-lo e não ficar levando de casa em casa, se não ode cuidar não tenha e menos ainda não adote!

  2. Eu não li nada nesse estilo, mas achei bem interessante, quanto a história em si, acho que vale tudo por amor quando isso é feito de forma a clara/lícita, tudo que vem de forma ilícita por mais que pareça belo o motivo nunca acaba bem ….

  3. Oiee linda! Tudo bem? Amo dicas de HQs. Essa parece ser bem fofinha e reflexiva, apesar do final um pouco pesado. Deve dar aquela dorzinha no coração do leitor o “rompimento” . Deve ter belas imagens…amo tudo relacionado à França.
    Beijos!

  4. Olá Érika, ainda não li graphic novels, mas gostei muito da sugestão. Ultimamente tenho lido pouco, preciso voltar a ler. Achei interessante a sua reflexão pessoal e lembrei de mim, que pelo fato de ter de trabalhar fora, tive a ajuda da minha mãe pra cuidar do meu filho. Mesmo tendo uma babá eu deixava aos cuidados de mamãe. Quanto à adoção, é um belo gesto de famílias que querem muito ter um filho, contanto que cuidem com amor e carinho.
    Um abraço,
    Cidália.

  5. Oi! Eu amei essa sugestão de leitura 🙂 parece ser uma história muito interessante, já quero ler!

  6. É um livro com uma história que traz uma reflexão, eu particularmente acho que a adoção é um ponto positivo pra quem deseja criar uma criança, já que não pode ter filhos de sangue, a adoção é um gesto de amor, e que precisa dá muito amor a criança bjs.

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