Heartstopper

Heartstopper: de Mãos Dadas – Amor e Saúde Mental

Oi gente, tudo bem? Hoje eu vim compartilhar sobre uma história que tem me ganhado desde o primeiro volume: Heartstopper.

Heartstopper é uma Graphic novel de Alice Oseman, publicado no Brasil pela Editora Seguinte, que fala sobre as alegrias e angústias de jovens queer. Até a presente data, quatro volumes já foram publicados:

Heartstopper #1– Dois garotos, um encontro;
Heartstopper #2– Minha pessoa favorita;
Heartstopper #3 – Um passo adiante;
Heartstopper #4 – De mãos dadas;

O quinto e último volume de Heartstopper ainda não foi lançado, mas os fãs ainda podem matar a saudade da história com o Almanaque Heartstopper, que contém textos inéditos e atividades interativas relacionadas ao universo da série.

UMA BREVE RECAPITULAÇÃO DOS VOLUMES 1, 2 E 3 DE HEARTSTOPPER

Heartstopper acompanha dois garotos do ensino médio: Charlie e Nick. Charlie é abertamente gay, já sofreu bullying na escola e é mais introspectivo. Já Nick é popular e faz parte do time de rúgbi. 

À medida que vão se aproximando eles começam a desenvolver sentimentos que vão além da amizade um pelo outro e que se confundem de diversas formas. Nick, que acreditava ser hétero percebe que na verdade é bissexual e que gosta de Charlie.

Heartstopper

No primeiro volume de Heartstopper acompanhamos o início do relacionamento dos dois e somos introduzidos aos amigos de Charlie: Tao, Elle e Aled, além de seus pais, Jane e Julio, sua irmã mais velha Tori e o caçula Oliver.

O volume 2 começa com o relacionamento dos dois sendo mantido em segredo pois Nick ainda não está muito seguro em sair do armário. Depois de um episódio de homofobia contra Charlie, Nick o defende e percebe que está pronto para assumir o relacionamento. Ele então se abre para sua mãe, que o apoia.

Já o volume 3 lida com questões em torno de Nick se assumir para um círculo mais amplo de pessoas e acompanhamos a turma da escola em uma viagem a Paris. Relacionamentos queer de outros personagens no círculo imediato de Charlie e Nick também estão ganhando espaço na narrativa, dando exemplos dos muitos tons diferentes do arco-íris. Ainda nesse volume, Nick começa a perceber que Charlie tem um distúrbio alimentar e que está ficando pior, fato que é explorado no volume 4.

O QUARTO VOLUME DE HEARTSTOPPER ABORDA TEMAS COMO SAÚDE MENTAL E DISTÚRBIOS ALIMENTARES

Heartstopper 4 começa como uma leitura leve, Charlie está se preparando para dizer pela primeira vez para Nick que o ama. Charlie está inseguro sobre como expressar seus sentimentos e como Nick pode ou não retribuir a declaração.

No entanto, quando estava prestes a se declarar, ele é surpreendido quando Nick diz que tem reparado seu comportamento nos últimos dias e que acha que ele sofre de algum transtorno alimentar. Eles conversam e Nick recomenda a Charlie que conte para seus pais e que procure ajuda.

“Não sei se eles acreditariam em mim. Quase todo mundo acha que transtornos alimentares são coisa de menina”.

Alice Oseman

No dia seguinte, Nick embarca para uma viagem com sua mãe e o casal sofre por ter que ficar um tempo separados. Aqui, vemos um Charlie que não se sente confiante para falar com a família e mesmo prometendo a Nick que o faria, ele não tem coragem de fazê-lo. Eu não me lembrava da rigidez de sua mãe, mas nesse volume ela se fez bem presente, o que impede Charlie de se abrir.

Vindo com um aviso de conteúdo sensível, nesse volume o transtorno de Charlie fica mais evidente: alterações de humor, sonolência, ausência na escola, piora na alimentação, estresse e automutilação. Foi difícil acompanhar o casal adorável e feliz dos volumes anteriores ter que passar por uma situação tão difícil.

O APOIO DE NICK E AS LIÇÕES DE AMOR DA SÉRIE HEARTSTOPPER

Nick, mesmo longe, tenta apoiar Charlie: pesquisa sobre o assunto, tenta entender sobre a doença e quer protegê-lo a todo custo. Nesse processo, Nick sofre, fica ansioso e quer fazer o seu melhor, chegando até a negligenciar sua própria saúde mental.

“Charlie precisa da ajuda de alguém que não é seu namorado de dezesseis anos. Ele precisa da ajuda de um médico ou terapeuta, alguém que conheça os transtornos alimentares e como tratá-los.”

A mãe de Nick é um apoio imensurável para ele nesse momento e eu gostei imensamente da presença dessa personagem e a importância dela para manter o equilíbrio do filho. O diálogo que eles tiveram a respeito do amor e como lidar com uma pessoa que está enfrentando problemas como este trouxeram reflexões importantes sobre o verdadeiro papel do companheiro num relacionamento.

Editora Seguinte

“O amor não pode curar uma doença mental. Existem muitas maneiras de ajudá-lo, você pode simplesmente estar lá. Ouvir, falar, para animá-lo se ele estiver tendo um dia ruim. E nos dias ruins você pode perguntar o que poderia fazer para tornar as coisas mais fáceis. Fique ao seu lado, mesmo quando as coisas estiverem difíceis. Mas também sabendo que às vezes as pessoas precisam de mais apoio do que apenas uma pessoa pode dar. Isso é amor, querido.”

Essa cena em especial é como um abraço caloroso em meio a tempestade. Ao mesmo tempo que fala que o amor sozinho não é capaz de curar a dor do outro, mostra que ele pode ajudar a manter a esperança diante de uma situação tão complicada. É uma lição difícil de aprender, mas valiosa e que a autora entrega com maestria e sensibilidade, tocando fundo no coração do leitor.

AS MENSAGENS DO QUARTO VOLUME E A SÉRIE HEARTSTOPPER

Embora as edições anteriores de Heartstopper incluam temas delicados, o quarto volume sem dúvida é muito mais pesado em questões de saúde mental, recuperação, luta familiar e construção de relacionamento.

Ainda assim, é uma história agradável de se acompanhar e cheia de emoções. Algumas cenas são bem tristes e mostraram um Charlie muito vulnerável, mas o apoio de Nick, seus amigos se mostrando presente, Tori sendo uma irmã incrível e a fofura de Oliver tornam este volume tão bom quanto os outros!

“O que percebi nessa história toda é que precisamos de outras pessoas também. (…) Acho que estamos mais fortes agora”

Heartstopper transmite uma sensação boa ao narrar uma história que constrói os relacionamentos em um ritmo mais realista e tem discussões francas e honestas que nos trazem conforto. A série apresenta uma abordagem condizente com a idade dos personagens e é um grande exemplo para a juventude de hoje.

Conheça também o livro escrito pela mesma autora de Heartstopper: Sem Amor

Me conta: gosta de graphic novels? Já leu alguma história escrita pela Alice Oseman?

Beijos, Flávia 🙂

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7 Comentários

  1. Ahhhhhhhhhhhhhh eu não tenho os livros ainda, só acompanhei a adaptação na Netflix e me apaixonei, que trabalho sensível, fantástico e necessário.

  2. Que gracinha de ilustração. Eu adoro esses tons. Acho que são meio pastéis, né?
    Eu confesso que tô por fora dos livros, Graphics, filme/série… Tudo, tudo! São outras colunistas que se dedicam a esse nicho. E acabei ficando sem conhecer. Mas, a história parece ser bem fofa, envolvente, e ainda por cima, deixa mensagens importantes, né??? Achei uma gracinha. Ainda mais perto do dia dos namorados.
    Grande abraço, e até a próxima.

  3. Não sei dizer se gosto ou não pois nunca li nada parecido, mas além do formato do livro achei a história muito interessante, taí algo que gostaria de ler!

  4. Que legal estes textos em quadrinhos. amei demais este estilo de leitura e neste janeiro branco o que mais precisamos é de compreensão para chegar no equilibrio tao falado da vida. Muito bom a maneira que abordou no seu post. Beijos

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