King Of Scars – o Spin-Off Mais Aguardado do Ano

King Of Scars: Trono de cinzas e ouro é o primeiro livro da nova duologia de Leigh Bardugo, autora de Sombra e ossos, Six of Crows e Nona casa.

CONHECENDO O UNIVERSO GRISHA

A trilogia Sombra e Ossos é o ínicio de tudo, ela se passa em Ravka, onde nós acompanhamos a Alina, o Darkling e o início de uma guerra desencadeada por um líder perdido nas suas próprias convicções.

Por sua vez, Six Of Crows se passa em Ketterdam, na ilha de Kerch, onde nós acompanhamos Kaz Brekker e mais cinco criminosos em um emaranhado de planos geniais, na luta contra a mais nova ameaça ao povo Grisha.

Contudo, em King Of Scars nós finalmente tivemos a honra de presenciar a história do melhor personagem já criado pela Leigh Bardugo: Nikolai Lantsov, nosso mais novo brilhante rei de Ravka.

Pelo fato do Nikolai e de outros personagens terem aparecido em ambos os livros do universo Grisha, aviso de antemão que essa resenha pode conter alguns spoilers da Trilogia principal e de Six Of Crows, portanto leiam com cuidado.

“Desde o momento em que contemplara assumir o trono, ele soube que teria que ser um homem melhor do que seu pai e um rei melhor do que seu irmão jamais poderia ter sido.”

RECAPITULANDO: QUEM É NIKOLAI LANTSOV?

De forma sucinta, Nikolai é apresentado pela primeira vez como um corsário conhecido como Sturhmhond, capitão de uma grande frota de navios que auxilia seu País em momentos de guerra. Ele é o segundo filho do Rei de Ravka, Alexandre III e ao longo da trilogia, luta ao lado de Alina Starkov contra as atrocidades cometidas no governo do Darkling.

O REI E O MONSTRO

A trama de King Of Scars se inicia a mais ou menos três anos após o fim da trilogia. Nikolai é oficialmente o novo rei e está imerso no caos e nas consequências deixadas pela guerra civil e pelo reinado anterior. Suas alianças políticas estão instáveis e suas fronteiras estão sob ameaça constante. Os traumas e as cicatrizes que a guerra deixou, estão além dos seus muros e do seu povo. Seus fantasmas estão invadindo seu coração e transformando suas noites em pesadelos constantes.

Quando Alina destruiu a dobra, o Darkling e suas criações, ambos acreditaram que o monstro que habitava o interior do Nikolai, também havia sido exterminado. Contudo, as presas, as garras e a pele cheia de veias repleta de escuridão, estão de volta. A criatura que ele se transformou muito tempo atrás, vem tomando seu corpo noite após noite, colocando em risco não só a sua própria segurança, como a de todos aqueles que o cercam.

Felizmente, Nikolai pode contar com alguns membros do Triunvirato Grisha – um grupo que comanda o segundo exército de Ravka – para esconder o seu segredo do resto da população. Dentre essas pessoas, Zoya Nazyalensky é quem vem fazendo o trabalho pesado de mantê-lo dentro dos muros de Os Alta, mesmo quando o monstro vem à tona.

Todas as noites, como uma medida de segurança, ela se dirige aos aposentos de Nikolai e o aprisiona com correntes na sua própria cama. Porém, nem sempre isso é suficiente. Algumas vezes a criatura consegue se libertar e Zoya precisa sair às pressas, seguindo seus rastros, a fim de trazer Nikolai de volta antes que ele cometa atrocidades das quais vai se arrepender assim que retornar a sua forma humana.

Desde o princípio todos estão conscientes de que essas são apenas medidas provisórias, entretanto, somente quando a criatura quase tira a vida de Zoya, é que a urgência da cura vem à tona. Nesse momento, uma oportunidade inesperada vai aparecer ao longo do caminho do rei, fazendo com que a chama da esperança brilhe através dos seus olhos. Em prol das pessoas que dependem de Nikolai, ele vai abraçar essa chance com todas as suas forças, mesmo que para isso ele precise se envolver com magia Grisha antiga, que pode acabar custando sua própria vida.

“Se alguém descobrisse que o rei de Ravka passava as noites amarrado com correntes, ele seria o alvo perfeito para um assassinato ou um golpe, para não mencionar motivo de deboche.”

A DOR DO LUTO

Enquanto os governantes do reino travam uma batalha contra seus próprios inimigos, Nina Zenik trabalha ao lado de Adrik e Leoni em uma missão para contrabandear Grishas para fora de Fjerda, onde muitos são presos ou mortos.

Após ingerir Jurda parem para salvar seus amigos em Six Of Crows, Nina se viu obrigada a lutar contra o vício que vinha devastando todo e qualquer Grisha que tivesse contato com a droga. Durante semanas ela se viu devastada pelos efeitos colaterais da substância, contudo, Matthias permaneceu resistente ao seu lado, oferecendo todos os cuidados necessários para que ela conseguisse se recuperar. Porém, quando Nina presenciou a morte vindo de encontro ao seu amor, ela se viu mais uma vez desolada e imersa na própria dor.

Agora, enquanto ela batalha pelos seus semelhantes, ela precisa conviver com o luto. Constantemente Nina ouve a voz do Matthias na sua cabeça, conversando com ela e lembrando-a de que ela precisa ser misericordiosa com suas próprias escolhas e com aqueles que foram responsáveis pelas suas perdas.

“Eu sei como você é forte, Nina. Minha morte não será o que te derrotará.”

AFINAL, O QUE EU ACHEI SOBRE A HISTÓRIA?

King Of Scars é narrado a partir de vários pontos de vista, sendo eles o ponto de vista do Nikolai, da Zoya, da Nina e do Izaak.

O Nikolai fez jus ao personagem que a gente já conhecia, engraçado, galanteador e principalmente, amável. Além disso, ele nos mostrou uma versão que nenhum de nós esperava: a versão humana, em sua forma nua e crua. Ele é muito mais que um bastardo, muito mais que um monstro escondido e um rei ilegítimo. É um homem de princípios, leal e dedicado. Ele está carregando o fardo de consertar um País colapsado, está enfrentando a tristeza da rejeição da Alina e além disso, está lutando contra si mesmo e seus demônios cotidianamente.

Mesmo assim, isso jamais o impediu de sorrir para o seu povo e ir em busca de um futuro melhor. Conhecer a história do Nikolai me fez entender que boas intenções não significam nada se você não sabe o que fazer com elas.

“O Darkling queria paz. Uma Ravka mais forte. Um refúgio para os Grishas. São todas as coisas que eu gostaria de realizar em meu governo…Mas há uma diferença entre visão e ilusão. O Darkling alegava servir a Ravka, mas isso deixou de ser verdade quando Ravka deixou de servi-lo. Ele alegava amar os Grishas, mas esse amor se dissolveu quando eles não o escolheram como seu mestre. Ele quebrou suas próprias regras e, no processo quase quebrou uma nação.”

A Zoya por sua vez, me surpreendeu mais do que eu gostaria de admitir. A força dessa mulher é absurda e ela nasceu para ser uma líder, independente da sua posição. Enquanto o Nikolai é descontraído, ela é séria e relutante. Enquanto ele é calmo e apaziguador, ela é uma força da natureza. Conhecer quem a Zoya é de verdade, sem máscaras, sem disfarces, sem mentiras, mexeu comigo.

A autora descreveu tão bem a raiva dela, os motivos que a levaram a se tornar quem ela é, que acabou sendo impossível não apoiar a ira que ela carrega no peito. Se essa mulher destruísse o mundo em prol da fúria, eu diria que ela tinha todo o direito. Se eu fosse o Nikolai, também entregaria meu coração nas mãos dela.

“Você não usa o seu poder, você é o poder. A tempestade está em seus ossos.”

A Nina por outro lado, me fez ver um lado do luto que eu desconhecia. A morte do Matthias acabou com ela e eu sinceramente nem sei como ela conseguiu seguir em frente. Em todos os seus capítulos o leitor fica cara a cara com a dor em sua forma mais avassaladora. Todos os dias ela levanta e tenta seguir em frente, e todos os dias a voz do Matthias ressoa na cabeça dela como um lembrete da ausência dele. O trabalho dela é nobre, mas perigoso. Assim como a Zoya, ela é movida pela raiva e no final ela conseguiu o que queria: se infiltrou na casa do inimigo com o intuito de destruí-lo de dentro para fora.

“Todo aquele tempo, ela quisera acreditar que ele ainda estivera com ela, mas fora a sua própria voz o tempo todo, conversando consigo mesma no silêncio, forçando-se a fazer o trabalho de viver quando ela só queria desistir. Adeus, Matthias.”

O Izaak me fez sorrir inúmeras vezes. Ele foi jogado no meio do fogo, sem saber ao certo se existia chance de sobrevivência. Seguiu ordens, se atrapalhou com o disfarce e no fim, tropeçou na própria inocência. Espero que a Leigh possa se redimir com o leitor no próximo livro por isso.

“Meu único conforto é saber que você jamais poderia ter sido meu. Mas eu sei que teria ficado feliz em ser sua.”

Por fim, eu não poderia deixar de falar sobre o Plot twist da história. Eu esperava muita coisa, menos isso. Quando ele chegou, eu simplesmente não acreditei que estava realmente lendo aquelas palavras. Levei um soco no estômago e precisei fechar o livro, me recompor, e depois finalizá-lo de fato. A gente acha que nada pode piorar, ai você vira a página e BUM, a bomba explode no teu colo.

A LEIGH BARDUGO SURTOU!

Simples assim. A mulher gosta de dor, sofrimento e caos. Felizmente, assim como ela eu também tenho essa falha na personalidade e vivo cedendo ao colapso, portanto, confesso que AMEI a jogada final. Não poderia ter pedido final melhor para esse primeiro livro.

A notícia ruim é que vou ter que esperar a continuação de King Of Scars, a notícia boa é que a Planeta Minotauro vai lançar Rule Of Wolves ainda esse ano! Portanto, se assim como eu, você é fã do universo Grisha, não perca tempo e mergulhe fundo nessa narrativa, eu prometo que vale a pena!

FICHA TÉCNICA

Título: King Of Scars – Trono de ouro e cinzas
Autora: Leigh Bardugo
Editora: Planeta Minotauro
Ano: 2022
Número de páginas: 464
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Beijos, Islaine ❤