Morte no Internato – Ninguém Consegue se Esconder do Passado
Oi gente, como vocês estão? Aproveitaram bastante o final de semana? Os últimos dias têm sido bem corridos por causa da faculdade, ainda mais agora que começou a entrega dos trabalhos. Mesmo assim consegui finalizar três leituras, A festa da Lua, As joias desaparecidas, e Morte no internato, de Lucinda Riley.
Conheci a autora quando fui parceira da Editora Arqueiro com meu blog antigo, mas nunca tinha lido nenhum de seus livros apesar de ver tantos elogios. Mas esse ano quando li a sinopse de Morte no internato, sabendo que é seu primeiro romance policial, fiquei bem curiosa e ansiosa para iniciar a leitura.
Morte no internato
A história tem início com a morte de Charlie Cavendish, um dos alunos da St. Stephen. Um colégio interno renomado em Norfolk, na Inglaterra. A detetive Hunter, após sua conturbada separação, foge para a Itália para um período sabático. Porém quando ela retorna, e se muda para um chalé no interior, seu chefe Norton tenta dissuadí-la da demissão.
Hunter não tem a mínima intenção de retornar à Yard, ainda mais depois de descobrir que todos na corporação sabiam que seu marido tinha um caso com outra policial e ninguém a avisou. A vergonha não a deixa voltar ao escritório. Seu chefe então tem a ideia de convocá-la para um novo caso, porém num lugar próximo ao seu chalé, sem precisar ter contato com seu ex-marido.
“Esse lugar lembra muito os cenários dos livros da Agatha Christie com a Miss Marple – comentou Alistair, indicando uma fileira idílica de chalés enquanto dirigiam até Foltesham.”
Após ler os arquivos da investigação Hunter finalmente decide aceitar o caso. Enquanto conhece o internato, faz os primeiros interrogatórios, e traça o perfil do possível assassino e sua motivação, eis que outro corpo é encontrado. Dessa vez, um dos professores mais antigos cometeu suicídio. Será que os dois casos têm relação?
Continuando as investigações e tendo mais perguntas do que respostas, Hunter se depara com o desaparecimento do pai de um dos alunos. Como se não bastasse, outro corpo surge no porão da escola. Agora é do padrasto de um dos alunos. A investigação que começou com uma morte simples por ataque anafilático, se tornou uma teia bem mais complexa onde três corpos foram encontrados. Há alguma relação entre eles? Será que a escola é o ponto em comum ou existe outro motivo? Haverá mais corpos a serem encontrados?
Linha do tempo – 1960
Duas garotas são amigas, uma delas fica grávida, porém precisa dar o seu filho para adoção. Naquela época as famílias não aceitavam gravidez fora no casamento, ainda mais com pessoas de outras classes sociais.
Linha do tempo – 1979
Um jovem é encontrado morte no porão. Ele cometeu suicídio porque sofria bullying. Seus colegas o provocavam por ele ser esquisito e não se enturmar.
Linha do tempo – dias atuais
Segue viva a lenda do menino que se suicidou no porão. Rory Millar, um garoto de 13 anos, é trancado no porão e encontrado gritando pelo administrador do colégio. Três corpos são encontrados: de um aluno, um professor, e padrasto de outro aluno.
Qual a conexão entre todos esses acontecimentos? Será que a lenda que ronda o internato é verdadeira? Hunter conseguirá desvendar o caso? Ou o colégio será fechado porque se tornou um lugar perigoso?
Minhas impressões
Como disse anteriormente, esse foi meu primeiro contato com a escrita de Lucinda Riley e posso dizer que simplesmente AMEI! Mesmo o livro tendo quase 400 páginas a leitura foi fluida e envolvente. Confesso que não consegui pegar outra leitura enquanto não desvendei o mistério junto com a detetive Hunter.
Quem segue o blog a mais tempo sabe o quanto sou fã da série The Mentalist e acompanhar as investigações ao lado de Teresa Lisbon e Patrick Jane fez toda diferença ao ler Morte no internato. Primeiro pela passagem de tempo, se não prestarmos atenção aos personagens de cada período deixamos informação importante para trás.
“De repente, os recursos com os quais ela sempre contava quando investigava os casos em Londres pareciam muito distantes. Lá, eles tinham mão de obra, computadores, perícia, todas as ferramentas à disposição. Miles fizera uma brincadeira sobre Miss Marple, mas era exatamente assim que ela se sentia.”
Segundo, prestar atenção às referências e “migalhas de pão” que a autora mostra ao longo da história. Terceiro, e talvez o mais importante, avaliar a tríade. Ou seja, encontrar quem, o que, e o por quê. Além da referência a séries de investigação, a autora cita ainda os livros de Agatha Christie (o que ganhou meu coração, ainda mais ao mencionar a inconfundível Miss Marple).
Algo que nunca tinha feito ao ler romances policiais era montar o quadro de suspeitos. Foi uma experiência simplesmente INCRÍVEL. Até meu namorado que não curte ler me ajudou dando palpites do que realmente tinha acontecido e quem era o assassino.
“Se ela pudesse encontrar um motivo, provar que ele tinha sido o autor, aquele caso estaria resolvido.
Jazz suspirou quando saiu da banheira e pegou uma toalha, a pele toda arrepiada enquanto andava pelo corredor frio e ia para o quarto.
Ela jamais pegara um caso de fácil resolução.”
Quanto ao motivo devo dizer que para mim foi bem fácil descobrir. Como diz o Jane, só pode ser um desses 4: amor, dinheiro, vingança, ou medo. Por outro lado, a ligação entre os personagens foi mais difícil. E só consegui perceber nas últimas páginas. O que trouxe um frio na barriga e me fez ler 60 páginas sem piscar e levantar da cadeira.
A ambientação
Se você acompanha o blog a um certo tempo já viu que indiquei outros livros ambientados na Inglaterra, entre eles A caça, Hora Morta, e A mulher da cabine 10. Morte no internato me conquistou num primeiro momento pelo mesmo motivo. A história é ambientada no Condado de Norfolk, onde aparecem as cidades de Norwich, King’s Lynn, e Cambridge. Incrível não?!
Pela capa do livro podemos ter uma ideia de como é o internato, porém a descrição da autora é tão detalhada que temos a impressão de estarmos andando pelos corredores gelados do colégio. Sabe aquela atmosfera cinza, nublada, e com neblina de Londres? Foi isso que senti durante a leitura.
Quanto ao chalé de Hunter consegui criar uma imagem bem parecida com a casinha de Kya, em Um lugar bem longe daqui. Pelo mar, pelo pântano, e também pela decoração que mistura coisas antigas e modernas. Um cantinho realmente aconchegante. Um verdadeiro lar para dar início a uma nova vida.
A trilha sonora
Como disse no último post tenho gostado cada vez mais de livros que trazem referênciais musicais. Morte no internato não foi diferente. Hunter gosta de ninguém menos do que Chopin. Se você já assistiu The Mentalist sabe que o Jane também gosta de música clássica, mais um ponto para a nossa detetive. Além de Chopin, temos Macy Gray.
Numa das cenas, nossa protagonista põe uma das músicas de Macy Gray, liga o carro, e segue pela estrada. Conseguiu imaginar a cena? Pois é, eu também. Como no livro não diz qual música, escolhi I Try pra vocês ♡
Personagem favorito
A história tem muitos personagens, entre alunos, pais de alunos, professores, policiais. Porém, o destaque fica para o sr. Hunter, pai da detetive Hunter. Seu bom humor, sua visão de futuro, e piadinhas bobas, mas engraçadas fizeram toda diferença. Um senhorzinho simpático com quem você gostaria de tomar um café e dar boas risadas, ele é desse jeito.
Algumas reflexões
Se eu pudesse resumir o livro numa única palavra seria “intenso”. Morte no interneto é uma história com passagem de tempo, cheia de pequenos detalhes, e motivos ocultos. Porém, o ponto alto da leitura foi a autora ter trazido como tema central o bullying sofrido por crianças/adolescentes ao longo dos anos nos mais diferentes ambientes. Seja escola pública, particular, internato, faculdade. Há sempre alguém esquisito ou estranho que é motivo de piada.
Desde criança, sempre me mudei bastante. Morei em várias cidades e conheci sotaques e costumes bem diferentes. E com o tempo creio que perdi a referência de onde nasci. No entanto, sempre que eu chegava numa nova escola era motivo de provocação. Pelo jeito de me vestir, de falar, ou até por não querer me misturar e ficar no meu canto (sempre gostei muito de estudar e ficar na biblioteca).
Na faculdade isso diminuiu bastante, prestei vestibular em univerdade estadual, particular, então tive contato com pessoas bem diferentes, e o bullying não era tão presente. Me sentia mais “pertencente” aquele ambiente, mesmo não fazendo muitas amizades.
“Não divulgaremos nenhuma informação à imprensa nos próximos dias, até termos os resultados da necrópsia. No entanto, quero que esteja ciente de que pode haver um assassino escondido entre vocês.”
Numa das empresas que trabalhei, um rapaz começou a me incomodar. Sempre me provocava de alguma maneira. Por eu ficar quieta, pela roupa que eu vestia, pelo jeito que sentava, tudo era motivo para zoação. Quando minha paciência estava no limite, comuniquei meu chefe na época. Resultado: eu fui mandada embora. Isso mesmo! Não o rapaz que estava prejudicando o meu trabalho, mas eu por ter “reclamado”.
Um dia desses assisti um vídeo no Tiktok onde uma mãe disse que o filho dela quase todo dia apanhava no colégio. Ela falava com a professora e nada acontecia. O que essa mãe fez? Ensinou o filho a se defender. Quando a outra criança veio bater, ele bateu de volta. Resultado: todos os pais foram chamados no colégio. E o filho dela foi tido como “violento”. Enquanto era a outra criança que batia em todos, estava tudo bem. Mas quando alguém revidou, aí não pode. Está certo isso?
Na minha casa, meus pais sempre me ensinaram a não brigar. Mas se alguém nos provocasse ou batesse em nós, poderíamos nos defender. Lembro de ter brigado umas três vezes no colégio, e NENHUMA fui eu quem provocou. Só estava me defendendo. Geralmente quem pratica bullying está acostumado com pessoas mais fracas, porque sabem que elas não vão fazer nada. No entanto, quando aparece alguém que revida elas se sentem no direito de serem vítimas.
-Você não está tentando armar um encontro para mim, está?
-Meu Deus, não. Ele é alguns anos mais jovem do que você, de qualquer maneira.
-E ele não teria interesse em uma velha enrugada, certo?
-Exatamente.
-Obrigada, papai. Sempre contribuindo para elevar minha autoestima.
Sou uma pessoa bem pacífica, na maior parte do tempo cuido somente da minha vida. Quando sou provocada de alguma maneira, apenas ignoro. Não concordo em darmos “poder” a pessoas que nos tratam mal, que nos faz sentir inferiores, ou pior ainda, que nos batem ou nos colocam em situações constrangedoras.
Apesar de, muitas escolas dizerem que a polícita contra o bullying é eficiente, nós sabemos que muitos casos fogem do controle. Os Estados Unidos é um bom exemplo disso. Muitas vezes a escola espera acontecer algo grave, para só então tomar as devidas providências. Por que não houve nenhuma medida antes? Por que muitas escolas ignoram os primeiros relatos?
Divórcio, maternidade, e protagonismo feminino
Além do bullying, a autora trouxe outros temas igualmente importantes como o divórcio, a maternidade, o luto, a guarda das crianças, protagonismo feminino, e superação. No decorrer da história acompanhamos a tragetória de várias personagens e conhecemos suas motivações para fazer o que fizeram. Muitas vezes julgamos uma situação pelas experiências que tivemos ao longo da vida, isso é muito comum.
Mas fico admirada com algumas pessoas que passam pela vida e seguem resilientes. Cada acontecimento, obstáculo, ou dificuldade, são usados para crescimento próprio. Essa é uma característica que poucas pessoas conseguem manter ao longo da vida. Hunter conseguirá apagar o passado e seguir em frente? Não sabemos. Mas é uma reflexão interessante que fica para os leitores.
Para um primeiro romance policial a autora foi simplesmente incrível. Se você já leu A casa do lago, de Kate Morton, vai gostar muito de Morte no internato. Principalmente pela parte das histórias que sobrevivem às gerações.
Espero que tenham a oportunidade de ler. Em breve lerei A garota do penhasco, nem preciso dizer o quanto estou ansiosa para mais um livro de Lucinda Riley. A autora se tornou a minha favorita desse ano (pelo menos até agora – risos).
E você, já leu algum livro da autora? Também gosta de histórias ambientadas na Inglaterra? Conhece alguma dessas cidades? Conta aqui nos comentários.
Até o próximo post, Érika ♡
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Parece realmente uma leitura muito intensa, estes temas geralmente nos leva a pensar e refletir sobre as atitudes e como podemos melhorar como pessoas e sociedade. No ano de 1979 era uma assunto um pouco menos abordado por que geralmente as pessoas se “faziam ” de mais estaveis emocionalmente falando ou mais duronas se assim porsso dizer, e estes casos poderiam não ter estes tipos de associação, então a escritora teve um desafio em suas abordagens.
Olá, tudo bem?
Já faz um tempo que estou de olho nesse livro, quase comprei um dia passando por uma livraria no aeroporto. Porém, acabei deixando para depois porque já tinha tentado ler outro da autora que não funcionou muito bem pra mim. Mas acho a premissa desse livro muito instigante e tenho vontade de dar uma chance. Sua resenha, sem dúvida, me deixou mais animada. Beijos
Que pena a perda da Lucinda. Ainda mais após uma obra tão intrigante quando a de Morte no Internato. É triste quando uma história promissora é interrompida tão abruptamente. Especialmente quando mal começamos a explorar esse universo. Essa ambientação sombria de um internato isolado em Norfolk, juntamente com a perspectiva da inspetora Hunter, prometia uma série cativante de mistério e intrigas.
É mesmo uma pena que não teremos mais a oportunidade de acompanhar novas aventuras nesse cenário. Eu nunca havia lido nada da autora anteriormente e, fiquei encantada com sua habilidade em descrever uma trama tão intrincada e envolvente.
Olá Erika, td bem? Eu sempre quis ler os livros da autora, mas ainda não tive a oportunidade. Pela sua resenha, foi mesmo uma leitura incrível e eu tb só ia querer ler ele até acabar, hehe.
Bjks
Ola! Eu adorei a sugestão e a capa também é linda 🙂 vou por na lista de leitura.
Ainda não li os livros da autora, porém gostei muito do conteúdo do livro, a história prende o leitor na leitura.