Natureza Morta – Para os Fãs de Agatha Christie e Liane Moriarty

Natureza Morta é o primeiro romance de Louise Penny e marca o início de uma série protagonizada pelo inspetor Armand Gamache ambientada na pacata vila de Three Pines, as histórias serão adaptadas pelo Prime Video com previsão de estreia em dezembro de 2022.

O vilarejo de Three Pines é tão pequeno que não aparece nos mapas canadenses. Só quem tem acesso a seus bosques centenários são os moradores e poucos caçadores que conhecem muito bem a região e a frequentam em épocas específicas do ano, nas temporadas de caças.

Os moradores da vila são como uma grande família: todos se conhecem e vivem em harmoniosa tranquilidade. Mas esse ambiente controlado e feliz é tragicamente abalado quando encontram Jane Neal sem vida no bosque. Quem estaria por trás da morte de uma senhora tão simpática, moradora exemplar do vilarejo, cujas atividades principais eram cultivar sua horta no jardim e passear com sua cadela pelo bosque?

Para solucionar esse caso, o inspetor-chefe Armand Gamache convoca sua equipe de investigadores e ruma para a cena do crime.

Mas o que parecia ser apenas um acidente de caça se transforma em uma trama intrincada que traz à tona segredos há muito tempo escondidos nas estranhas daquela comunidade.

“Oscar Wilde dizia que consciência e covardia são a mesma coisa. O que nos impede de fazer coisas terríveis não é nossa consciência, mas o medo de sermos pegos”.

Natureza Morta é perfeito para os fãs de Mistério e Suspense. Numa mistura perfeita de Agatha Christie com Liane Moriarty, a narrativa se desdobra num ritmo mais lento, em que o foco é a construção dos personagens, para que o leitor se sinta totalmente imerso na história e seja incapaz de desconfiar de qualquer pessoa que compõe aquele cenário tão perfeito.

Diferente de tramas em que o plot gira em torno de grandes reviravoltas e muitas pistas deixadas pelos autores ao longo da narrativa a fim de que o leitor possa criar hipóteses sobre a resolução do caso, Louise Penny nos apresenta um protagonista extremamente observador, que não tem a menor pressa de encerrar a investigação e cuja maior preocupação é entender todo o caso para não cometer nenhum erro crucial que faça o responsável sair impune.

“Armand Gamache se sentou no banco para observar os pássaros, mas principalmente para observar o vilarejo. […] Olhou para as pessoas, para seus rostos e suas ações. […] Viu quem se tocava e quem não se tocava. Quem abraçava e quem apertava a mão. Notou quem tinha os olhos vermelhos e quem agia com a mesma naturalidade habitual.”

A narrativa em si é dividida entre diálogos de Gamache com os moradores de Three Pines e conversas entre os amigos mais próximos da vítima que tentam desesperadamente entender o que aconteceu e estão completamente descrentes de que possa ter um assassino morando entre eles.

Esses personagens são tão bem construídos que é impossível não nos apegarmos a eles, sentirmos suas angústias e tristezas pela perda de uma grande amiga, ao mesmo tempo que é fácil sentir raiva daqueles que apresentam certos desvios de caráter e personalidades insuportáveis!

Inclusive tem uma integrante da equipe do inspetor Gamache que me irritou tanto durante a leitura que eu vou ficar indignada se ela voltar nos próximos livros! kkkkk

Por mais que Natureza Morta não tenha uma narrativa essencialmente voltada para as pistas que levam à resolução do caso, não significa que o leitor não tenha meios para criar suas próprias teorias, muito pelo contrário.

O modo singular com que Gamache guia toda a investigação aguça ainda mais a curiosidade do leitor, nos faz querer enxergar nas entrelinhas, tal qual o inspetor-chefe, o que, para mim, é o ponto alto da escrita envolvente de Louise Penny e talvez seja a característica principal que fez com que essa série de livros conquistasse tantos leitores, vendendo mais de 10 milhões de exemplares pelo mundo.

Não é por acaso que as obras de Louise Penny foram escolhidas para integrar o projeto da Mistérios em Série da Editora Arqueiro ao lado de nomes como Jacqueline Winspear e Rhys Bowen. Já que nesse primeiro livro da série, o leitor sente o gostinho do tom que será adotado ao longo das histórias protagonizadas por Armand Gamache: trama muito bem articulada; comunidade pequena, muito unida que deixa os segredos muito bem enterrados, investigação baseada em muita observação, onde as respostas se escondem nos detalhes ocultos e não só em pistas forenses.

A ideia por trás dessa coleção da Arqueiro é agradar os amantes de histórias de Mistério clássicas, trazendo obras mais leves, sem cenas sangrentas e violentas, cujos destaques estão nos personagens que o leitor poderá acompanhar ao longo de vários livros de uma mesma série e no detetive protagonista que investiga os casos.

A coleção é perfeita para leitores que procuram muito suspense, com pitadas de amizade, bondade do ser humano, além do sentimento de pertencimento a uma comunidade desfrutando de muito humor e prazeres da vida.

Por mais que cada uma das histórias carregue algum caso criminal como plot principal, no final o leitor ficará com aquela sensação de contentamento e aconchego e de que, apesar de haver certa maldade no mundo, sempre podemos contar com uma boa resolução e a justiça para nos proteger.

Estou completamente apaixonada pela escrita de Louise Penny e já vou engatar nas próximas histórias da série do inspetor Gamache porque terminei o livro com saudades do pequeno vilarejo de Three Pines! Também não vejo a hora de conhecer os outros livros da coleção Mistérios em Série da Editora Arqueiro.

Até a próxima, Dri @leiturainsone!

FICHA TÉCNICA

Título: Natureza Morta (Inspetor Gamache #1)
Autor: Louise Penny
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 304
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