Nós Somos Inevitáveis – Literatura, Música e Segundas Chances
Oi gente, tudo bem? Quem assistiu os stories no final de semana viu que dei continuidade à leitura de “Nós somos inevitáveis“, de Gayle Forman. Mesma autora de Apenas um dia, que já apareceu aqui no blog. Também já li Apenas um ano e fiquei encantada com as referências musicais e literárias que tornam a leitura ainda mais marcante.
Se eu tivesse que escolher apenas uma palavra para representar os livros anteriores seria Shakespeare. Acredito que nunca li nenhuma obra que fizesse tantas referências ao autor inglês. E isso me despertou muita curiosidade. Apenas um ano é a continuação de Apenas um dia, se você gosta de viajar pela Europa, teatro e romance, fica essa dica para o futuro ♡
Por conhecer a escrita de Gayle já esperava que a história seria tocante e que me envolveria desde a primeira página. No entanto, mesmo antes de terminar a leitura, experimentei um misto de sentimentos que nem mesmo todas as palavras do mundo seriam capazes de traduzir.
Num primeiro momento “Nós somos inevitáveis” parece uma história simples, talvez até clichê. Porém conforme a leitura avança e mergulhamos camada após camada, percebemos que a história é muito mais profunda do que imaginamos. Mesmo a história não sendo tão profunda quanto O morro dos ventos uivantes ou Mulherzinhas, cabe ao leitor perceber o que a autora quis transmitir nas entrelinhas em cada cena.
E foi justamente isso que ganhou meu coração.
A história é contada de maneira simples mas cheia de reflexões, sentimentos, e identificação. Afinal, quem nunca desejou que tivesse um sebo na sua cidade, vivenciar uma história de amor com direito a trilha sonora e tudo, perdeu alguém da família, ou ainda teve um amigo usuário de drogas? São situações corriqueiras como essas que nos faz sentir empatia pelos personagens.
Nós somos inevitáveis
O livro de 2021 lançado pela Editora Arqueiro durante a pandemia reúne o melhor dos mundos: literatura, música e romance. Aaron e seu pai, Ira, trabalham no antigo sebo de uma cidadezinha nos Estados Unidos. Desde que seu irmão mais velho morreu Aaron perdeu o interesse pelos livros. O único que consegue ler e reler infinitas vezes é um sobre a extinção dos dinossauros: Ascensão e queda dos dinossauros.
Ele compara a morte do seu irmão, Sandy, com um asteróide que arruinou sua família, assim como aquele que limpou a Terra milhões de anos antes. Seu irmão se foi, sua mãe se foi, seu pai já não tem forças para manter a livraria funcionando, e cada dia que passa novas dívidas batem à sua porta.
“Vinte e seis letras e alguns sinais de pontuação e você tem palavras infinitas em mundos infinitos. Como isso não é um milagre?”
Quando Aaron descobre que seu pai mantinha alguns cartões de crédito escondidos e que a família possui mais dívidas do que imaginava, ele reúne todas as cobranças e vai ao contador. Porém não há muito o que ser feito pois as dívidas foram feitas após Ira entrar com pedido de falência da livraria.
Como todo jovem sem experiência Aaron escolhe o caminho mais fácil e decide se desfazer do negócio da família. Ou seja, vender a livraria, ou o que sobrou dela, para uma grande empresária da cidade. Detalhe: ela não gosta muito de livros, prefere Netflix. Então as chances da livraria continuar aberta são quase zero.
“Infelizmente, às vezes as coisas que amamos também podem nos matar.”
Sandy, irmão de Aaron, lhe deixou uma coleção de discos antigos que vale uma fortuna. Além de vender a livraria, ele pensa em se desfazer dos discos, dar uma parte do dinheiro para o seu pai, e sair da cidade. Deixar tudo aquilo que lhe causa sofrimento para trás. Começar uma nova vida longe de tudo que o faça lembrar do seu irmão, da sua mãe, e da família perfeita que eles já tiveram um dia.
Mas tudo em sua vida começa a mudar quando ele vai à uma festa de garagem e conhece Chad, um antigo amigo de seu irmão. Essa amizade vai mostrar a Aaron que nem tudo é o que parece, e que muitas vezes julgamos as pessoas sem conhecê-las.
Minhas impressões
Como comentei no instagram essa história foi muito marcante por diversos motivos. Algumas cenas consegui visualizar com tamanha perfeição que pareciam reais. Contando sobre o livro para o meu namorado ele perguntou se era um filme pela quantidade de detalhes, pelo sentimento, e claro, pela trilha sonora que mencionei.
Aaron
Primeiro temos um protagonista-narrador que como sabemos não é nada confiável. Então já podemos esperar que tudo seja um tantinho exagerado. Interessante que mesmo a história sendo contada por Aaron nos faz ter uma percepção de que ele é MUITO chato, muito mesmo. Você imagina que alguém de luto esteja triste, não queira conversar, mas Aaron é muito rude com as pessoas. É difícil sentir empatia antes que a história evolua.
Chad
Depois conhecemos Chad que ganhou meu coração por diversos motivos, o mais importante deles é que o rapaz é programador (sim, como o meu namorado). Além disso, ele tem muita visão para os negócios, é organizado, e cheio de ideias tal como meu namorado. Foi fácil vê-lo em muitos diálogos, ainda mais quando ele aconselha Aaron sobre a livraria.
“Continuo lendo, lembrando por que eu adorava livros. Porque eles nos mostram, em tantas palavras e tantos mundos, que não estamos sozinhos.”
Hannah
Logo entra em cena Hannah, uma jovem meio emo eu diria, que canta numa banda que faz shows por várias cidades nos Estados Unidos e também no Canadá. Mesmo não sendo fã de música, preferindo os livros, e achando toda e qualquer música “um barulho”, Aaron se apaixona por ela. Pelo simples motivo de encontrá-la lendo “O sobrinho do Mago”, seu livro favorito. Creio que todo leitor já sentiu um frio na barriga quando encontrou alguém no ônibus ou metrô lendo aquele livro que gosta tanto, concorda? Foi exatamente assim que ele se sentiu, ainda mais por ser um livro ‘pouco conhecido’.
Ike
Outro personagem que gostei muito foi Ike. Pela descrição ele seria um senhorzinho, mas pelas atitudes e ensinamentos imaginei alguém como o Roberto Justus ou seria o Silvio Santos? Ainda estou em dúvida (risos). É a voz da sabedoria que guia Aaron, além de Chad claro. Vocês perceberam o quanto Aaron está perdido não é mesmo? Tem uma cena que acontece no hospital que Ike e Aaron conversam sobre o passado, nesse momento nosso protagonista, nada confiável, descobre muitos segredos sobre o seu pai. Um dos momentos mais marcantes para mim, rendeu algumas lágrimas.
Algumas reflexões após a leitura
“Nós somos inevitáveis” é uma história sobre segundas chances, sobre se abrir às mudanças, sobre confiar nas pessoas, e não julgá-las antes de conhecer. A maior lição que fica é sempre encontraremos quem esteja disposto a ajudar. Mesmo parecendo que estamos sozinhos haverá alguém para trilhar o caminho ao nosso lado.
Outro aprendizado diz respeito a relacionamentos. Usar as pessoas em benefício próprio, para suprir nossas necessidades, ou curar nossas feridas ao invés de amá-las de verdade, é o início do fim. Um relacionamento maduro tem como base o respeito, a confiança, e a busca de tornar a vida do outro melhor. Quando queremos o outro apenas por carência afetiva é sinal de que ainda não estamos prontos, não maduros o suficiente.
“Olho para este homem, que não me conhece, nem sabe nada sobre mim, mas que sabe, como Ira sempre soube, como todos os melhores livreiros sabem, não apenas o que seus clientes querem, mas o que eles precisam.”
Acredito que hoje, mais do que nunca, as pessoas usam artifícios para fugir da realidade. A internet, jogos, redes sociais, sempre estão em busca de algo que as faça fugir do real. Algumas apostam em relacionamentos para fugir da família, para ter uma vida diferente, ou ainda para ter outras experiências. E, muitas vezes, não importam-se como ficará o psicológico do outro. Não têm ideia de como o outro se sentirá por ter sido usado. É uma expressão forte, mas é isso que muitos fazem quando procuram alguém.
O relacionamento, por mais clichê que possa parecer, é um dar e receber contínuo. Deve ser construído com base no que podemos contribuir para o crescimento do outro, para que o outro se torne o melhor que possa conseguir estando ao nosso lado. E vice-versa. Fazer o outro sentir-se amado, respeitado, e seguro. Se estamos com alguém e somos egoístas, mais cedo ou mais tarde, ele irá perceber e ir embora. Ou, se não for embora, daremos início a um relaciomaneto disfuncional o que é pior.
O que mais gostei em “Nós somos inevitáveis”?
Estou em dúvida do que vai ocupar o primeiro lugar (risos). Amo trilha sonora vocês sabem. Mas as referências literárias escolhidas pela autora são incríveis. Tem desde Crepúsculo, Garota Exemplar (amei!), Emma, As crônicas de Nárnia, Percy Jackson, Uma dobra no tempo, Harry Potter, Clube da luta, Comer rezar e amar, Moby Dick (me fez lembrar de Patrick Jane), Jane Eyre, Orgulho e Preconceito, Morte no Nilo, até O Senhor dos Anéis. Perceberam o quanto a leitura foi rica não?
Quanto a trilha sonora gostei tanto que fiz uma playlist no Spotify, com o nome do livro é claro. A autora nos apresentou Talking Heads, The Magnetic Fields e Descendents. Algumas músicas em homenagem aos livros como The book I read e Everyday I write the book. Incrível não? A Suburban Home me fez lembrar de 10 coisas que odeio em você, ouçam depois voltem aqui para dizer se concordam. Clair de lune dispensa comentários, é um clássico.
O final não poderia ser diferente deixa um quentinho no coração e lágrimas nos olhos. Uma verdadeira homenagem aos leitores, aos livreiros, e todo aquele que tem um livro favorito. Seja ele uma fantasia, um romance, sci-fi, ou não-ficção. Foi, sem dúvida, uma das melhores leituras dos últimos meses. Assim como, Apenas um dia, ganhou meu coração ♡
Acho que escrevi bastante hein… ainda tenho muito o que falar sobre essa leitura mas vou deixar vocês lerem para ter a própria opinião. Vocês vão gostar com certeza!
Leia o post ouvindo…
Até o próximo post, Érika ♡
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Olá! Eu gostei da sugestão é maravilhosa 🙂 já quero ler.