Rule of Wolves – Leigh Bardugo

Finalmente posso dizer que a finalização do universo Grisha foi impecável. Rule Of Wolves vem para encerrar um legado que iniciou-se em Sombra e Ossos, passando pela duologia de Six Of Crows até chegar na duologia de King Of Scars.

A autora vem nesta sequência reunindo e amarrando todas as pontas soltas da história, em um nó digno de aplausos. É aqui, nesse livro, que o leitor pode perceber como a Leigh Bardugo conduziu com maestria o enredo de todos os livros que tratam do mundo Grisha.

É impossível chegar até aqui e não aplaudir em pé esse marco na literatura. Rule Of Wolves não só prometeu, como entregou tudo aquilo que o leitor já esperava: emoção, ação, adrenalina e caos.

Contudo preciso avisar que falar dessa sequência exige que em alguns momentos eu fale de acontecimentos dos livros anteriores, por isso, ao longo do texto vou deixar avisos de spoilers, que podem ser pulados caso vocês queiram preservar a surpresa diante a certos acontecimentos.

O INÍCIO DE TUDO

Rule Of Wolves se inicia logo após o fim de King Of Scars.

Aviso de spoiler

No fim do capítulo anterior podemos observar o retorno do Darkling através de um ritual que foi realizado na Dobra das Sombras. A autora surpreendeu a todos trazendo o maior vilão do universo Grisha de volta à vida, em um momento extremamente inesperado. Apesar do plot twist em King Of Scars, devemos lembrar de que na mesma velocidade em que ele surgiu, ele foi controlado, se tornando o mais novo prisioneiro do rei de Ravka.
(Fim do Spoiler)

Sendo assim, Nikolai encontra-se dividido entre aprender a lidar com situação ao mesmo tempo em que busca formas de proteger as fronteiras de Ravka e da guerra que se aproxima contra os Fjerdanos.

Zoya por sua vez, segue cumprindo seu papel com uma maestria admirável. Ela é resiliente, intensa, feroz e extremamente dedicada à missão de salvar seu povo e seu país, lutando bravamente a cada capítulo para que os limites do reino permaneçam intactos e seguros.

Nina por outro lado, apesar de ter deixado a desejar em alguns momentos, permanece imersa na sua vida de espiã ao lado Hanne. Seu objetivo é claro e direto: observar os passos do comandante Brum e buscar fraquezas frente aos planos da realeza Fjerdana para auxiliar Ravka nas batalhas que se aproximam.

‘’Esta é Ravka. Está sempre piorando.’’

A POLÍTICA DA TRAMA

O arco que engloba a guerra e as intrigas políticas dessa continuação, é extraordinário do início ao fim. Ravka estava em desvantagem desde o princípio, afinal, eles possuíam menos aliados, recursos e tropas. Além disso, o fato de Fjerda ser altamente militarizada gera um sentimento de angústia e medo no leitor, afinal, o destino dos personagens que tanto amamos se torna mais instável e incerto a cada página da história.

Contudo, mesmo apresentando inseguranças diante do trono, Nikolai mostra mais uma vez que nasceu para liderar. Ele é um personagem inteligente, estratégico e racional. Todas as peças que ele move no jogo da corte são fundamentais para o desfecho do enredo e provam a todo instante que Ravka está nas mãos certas. Seu amor e sua lealdade ao povo é o combustível que todos precisavam para manter as esperanças vivas diante a escuridão da guerra.

‘’Os reis faziam o que desejam; bastardos faziam o que deviam.’’

O MAIOR SLOW BURN QUE JÁ PRESENCIAMOS

No meio desse processo, o romance entre Nikolai e Zoya também é prejudicado. Ambos são teimosos, mas partilham uma química única. Porém, eles também são racionais e têm a consciência de que o amor deles é proibido diante do cenário atual.

Nikolai precisa casar-se com alguém que traga benefícios a Ravka, fornecendo uma aliança que seja segura ao seu povo. Zoya por sua vez também tem obrigações e ambições que vão muito além dos próprios sentimentos. Sendo assim, diante a tantas barreiras, nenhum deles pensa duas vezes antes de abrir mão do amor em prol do País.

É lindo e doloroso observar esse relacionamento. Eles pegam fogo em cada interação e transbordam paixão a cada segundo que passam juntos. Tudo entre eles é intenso e explosivo, fazendo com que o leitor entre em sofrimento interno, implorando para que eles assumam logo tudo o que sentem um pelo outro.

‘’O amor era o destruidor. A tristeza era a sombra que o amor deixou quando se foi.’’

POR OUTRO LADO…

Nina sempre foi uma das personagens que eu mais admirei no universo Grisha. Ela enfrentou todo tipo de demônio pelo caminho e lutou bravamente para se reerguer e se tornar alguém melhor. Contudo, deixou muito a desejar nessa continuação.

A autora acertou a tornando uma espiã dentro dos limites de Fjerda. Ela foi peça fundamental no desfecho da guerra, conseguindo informações extremamente valiosas para Ravka. Porém, a falha da autora se dá no momento em que ela precisou desenvolver a vida da personagem após sua última perda.

Aviso de spoiler

É evidente que após a morte do Matthias, Nina se perdeu dentro de si mesma, imersa em um luto profundo e sem fim. Por isso, a Leigh Bardugo não me cativou nenhum pouco, ao introduzir um romance entre ela e a Hanne.

Todos nós esperávamos mais do desenvolvimento emocional de uma personagem que sofreu tanto até aqui. Durante vários momentos do novo relacionamento dela, podemos observar que o Matthias e as lembranças dele permaneciam vivas e firmes dentro dela. Obviamente não se espera que alguém tão importante seja esquecido, mas também, não se espera que todas as decisões de alguém sejam tomadas em prol de alguém que já morreu.
(Fim do spoiler)

No fim, pode-se dizer que a pior parte desse romance foi a pressa em torná-lo um relacionamento amoroso. Tudo soou raso, artificial e até mesmo apressado, como se tudo não fosse nada além de uma urgência em dar um desfecho para um casal que ainda não tinha química para isso. Elas funcionavam como amigas e tinham potencial assim, nada além disso.

A POLÊMICA DO ENREDO (Contém spoiler)

Confesso que a volta do Darkling me deixou feliz. Ele foi um vilão extraordinário demais para encerrar sua participação nesse universo daquele modo. O arco que ele teve aqui em Rule Of Wolves foi muito mais interessante do que todos esperávamos.

Ele voltou e suas convicções voltaram com ele. O Darkling se manteve como aquele personagem que cometia atrocidades e achava que estava certo. Porém a forma como lidaram com ele dessa vez foi diferente. Ele já não era mais tão temido e abriu brecha para que dessa vez jogassem seus erros aos seus pés e mostrassem que seus pensamentos eram hipócritas. No fim, pode-se dizer que dessa vez ele teve um final digno.

‘’Somos todos monstros agora, Nikolai.’’

POR FIM

Rule Of Wolves superou todas as minhas expectativas. Vivenciei mil e uma emoções com todos esses personagens. Eu ri, chorei, me emocionei, briguei e defendi cada um, mesmo por trás das páginas.

A Leigh Bardugo se mostrou extraordinária e excepcional no seu trabalho, oferecendo pro leitor um dos melhores enredos que eu já vivenciei. O universo Grisha é complexo, intenso e arrebatador, sendo assim, não poderia ter um final melhor do que esse.

Esse é sem dúvida, o adeus mais difícil da minha trajetória como leitora. Digo com convicção que foi uma honra mergulhar na dobra e na história de vida de cada personagem.

Nikolai, Zoya, Nina, Alina, Matthias, Kaz, Inej, Jesper, Wylan, vocês vão para sempre morar no meu coração.

Leigh Bardugo, obrigada, você é única!

Beijos, Islaine ❤

FICHA TÉCNICA

Título: Rule Of Wolves – trono de prata e noite
Autora: Leigh Bardugo
Editora: Planeta Minotauro
Ano: 2022
Número de páginas: 528